
Hoje vi esta foto no Facebook e fiquei muito feliz.
Estou cansada de ver tanto ódio, politiquices e absurdos que já raramente consigo ficar a fazer scroll durante muito tempo.
Mas esta foto remete-me a tempos em que era miúda, vivia na Rua da Igreja onde também vivia a Zela, a Fatinha e a Ginita que estavam sempre em casa da avó, D. Maria de Jesus que era um doce de mulher e aceitava todas as nossas brincadeiras lá em casa.
Desde pequena que tive o gosto pelo o teatro e já fazia parte do GAF, nas tardes de inverno ficávamos ensaiando pequenas peças de teatro inventadas por nós, lembro-me do Príncipe das Laranjinhas, que apresentávamos na casa da menina Terezinha e que nos fazia pensar que éramos umas verdadeiras artistas e no fim oferecia-nos sempre o lanche.
Na primavera era a época das aventuras e esta foto do depósito da água fez me recordar os nossos piqueniques. Passávamos a ponte grande e seguíamos por um caminho de terra, de um lado e do outro cheio de pitas e aí parecia que entravamos noutra dimensão, longe da civilização, era a influencia do Tarzan e das Amazonas. Lembro-me que a casa mais próxima era de uma velhota que não consigo recordar o nome, mas que nos recebia sempre quando íamos buscar água ao poço que ainda hoje existe e se vê quando passamos junto à estrada.
A nossa geração foi muito criativa porque tínhamos muito pouco e tínhamos que arranjar sempre algo para fazer.
No verão ia de manhã à praia dos Tesos com a minha mãe, mas sempre depois de um selo que se colocava nas costas para ver se estávamos bem de saúde, à tarde tinha que dormir a folga na hora do calor o que para mim era terrível e hoje gosto imenso, eu preferia ir para a costura da D. Nise tirar alinhavos e ouvir as conversas das mais velhas que lá trabalhavam.
As noites de verão eram passadas entre a Rua da Igreja e o Largo, fazíamos brincadeiras parvas como bater nas portas e fugir ou jogar às escondidas, outras vezes ficávamos só na rua a ver as meninas do asilo que ficavam sentadas à porta e não podiam brincar conosco, isso foi algo que me marcou durante muito tempo por não conseguir entender.
Hoje escrevi muito, não é frequente fazer textos tão grandes, mas hoje estou só saudosista, deve ser por não haver sol.
Comments